O diabetes é uma das doenças que mais matam no Brasil. Dados do DataSus apontam que em 2018 foram contabilizados 358 mil óbitos relacionados a complicações do diabetes, hipertensão e alteração do colesterol. O número evidencia um cenário epidemiológico descontrolado, que foi agravado durante a pandemia, segundo mostrou a endocrinologista e professora doutora da Universidade Federal de Sergipe, Karla Freire Rezende, durante reunião realizada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) com os gestores municipais, na manhã desta quarta-feira, 20, no auditório da Faculdade Estácio.
Propor aos municípios a revisão do cuidado aos usuários com doenças crônicas, em particular o diabetes foi o mote da reunião, segundo informou o diretor de Atenção Primária à Saúde, João Paulo Brito. “Estes pacientes foram os mais afetados durante a pandemia. Em isolamento, eles se afastaram das unidades de saúde e nós não conseguimos avançar na Atenção Primária além dos muros das unidades. Tivemos muita dificuldade de chegar ao usuário e assim estabelecer alguma forma de manter a gestão do cuidado deste usuário”, disse.
A gerente de Doenças Crônicas e Promoção à Saúde da SES, Lia Marina Silva Almeida, evidenciou que o enfrentamento às doenças crônicas na Atenção Primária tem o objetivo de dar mais qualidade ao cuidado com o diabético a partir da organização dos processos de trabalho. “Sabemos que o diabetes é uma das doenças que mais matam no Brasil e em Sergipe não é diferente. Por isso a importância de melhorarmos a linha de cuidados que ofertamos a este paciente”, reforçou.
A professora doutora Karla Freira Rezende salientou que o cenário epidemiológico da diabetes em Sergipe não difere do quadro nacional. Para ela, a situação se assemelha a uma pandemia, quando se considera que 358 mil pessoas morreram em 2018 por complicações ligadas à diabetes, hipertensão e alteração do colesterol. Para ela, as ações de enfrentamento estão na contramão dessa realidade.
“A linha de cuidado não está plenamente aplicada na ponta. Elas estão muito bem pensadas e planejadas pelo Ministério da Saúde, mas não chegam nas equipes de saúde da família, que carecem de protocolos aplicados. Há uma desarrumação na linha de cuidado e é preciso rever isso para que se cumpra as etapas de necessidades do paciente no cenário do SUS, seguindo os pilares básicos da Universalidade, Equidade e Integralidade”, enfatizou.
Prevenção
Para a presidente da Regional Sergipe da Sociedade Brasileira de Diabetes, endocrinologista Naira Horta Melo, trabalhar a prevenção do diabetes tipo 2, o mais comum e que afeta o adulto, é um passo importante que precisa ser consolidado no SUS. Segundo ela, é possível prevenir sim a doença, independente da classe social. Segundo ela, 90% ou até mais que isso dentro da gênesis do diabetes está o sobrepeso e a obesidade, especialmente.
“Os antecedentes, a genética do indivíduo interfere, mas quando me perguntam o que posso fazer para não desenvolver o diabetes tendo mãe e pai com a doença? Respondo: Não ganhar peso, ter uma vida saudável, isso é muito importante. A alimentar saudável não é cara. Lá pela década de 70, 60, a gente saiu do mercado, onde tem comida de verdade, para o supermercado, onde temos os processados. Precisamos fazer o caminho de volta e esse é o trabalho que a gente tem feito, o de despertar as pessoas para a comida de verdade”, alertou.
Segundo Naira Horta Melo, as famílias precisam parar de desembalar e desencaixar comida, que não é comida, mas processado. Destacou que as frutas e legumes são as fontes de vitaminas e sais minerais. “Devemos saber escolher uma boa alimentação e evitar sal e gorduras como a manteiga e a banha, além da prática de exercícios físicos ajudam a evitar a diabetes”, orientou.
Foto: Flávia Pacheco
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