Secretaria de Estado da Saúde cria projeto que relaciona direitos humanos e saúde

A Secretaria de Estado da Saúde, por meio da sua Assessoria de Comunicação, lançou esta semana o projeto “Direitos Humanos: outras questões de saúde” com a realização de uma Mostra de Cinema com curtas-metragens que abordam como temática central o assédio e a sororidade.

O projeto foi executado no auditório do centro administrativo da SES e teve ainda em sua programação, uma roda de conversa composta por Sandra Andrade (Assistente Social do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho da SES/SESMT), Carla Anacleto (Referência Técnica de Violência e Prevenção de Acidentes da Vigilância em Saúde/SES) e Juliana Almeida (Chefe de Redação da Ascom/SES). A tarde foi finalizada com uma prática corporal em roda, conduzida por Glaudenilson Silva (Terapeuta Corporal e idealizador do ‘Servidor Zen’ do Núcleo de Atenção à Saúde do Trabalhador da SES/NAST).

O evento pensado para promover ainda mais a relação ensino/serviço tem um caráter formativo e será executado durante todo o ano, levando para trabalhadores da SES, estudantes de cursos da área da saúde e afins, a conscientização sobre temas sociais importantes, tais como: Homofobia/Transfobia, Violência estética/Gordofobia, Racismo, Intolerância Religiosa e Capacitismo.

“A ASCOM da SES acredita ser fundamental promover momentos para falarmos de violências de natureza simbólica, moral, psicológica e virtual, afinal, elas também deixam marcas e afetam a saúde. Os danos ocasionados pelas violências físicas são visíveis, enquanto os impactos de condutas abusivas, desrespeito, discurso de ódio e outras práticas podem ficar invisibilizados, mas afetam a saúde mental e, consequentemente, a qualidade de vida de muitas pessoas. Por isso, escolhemos falar sobre as diversas formas de assédio como primeira temática, por ser uma violência recorrente, seja nas relações de trabalho ou em outros contextos do cotidiano que envolvam relações de poder ou não”, explica Ewertton Nunes, jornalista da SES e um dos idealizadores do projeto.

O jornalista, que também é artista, apresentou a performance “Nada é impossível de mudar”, inspirado no poema homônimo do poeta alemão Bertolt Brecht. Uma abertura que integrou teatro, dança e audiovisual. “A ideia do nosso projeto é estimular os sentidos, trabalhar a sensorialidade. A minha performance representou o assédio moral e a sensação de impotência que ele causa, as amarras, o silenciamento, mas também mostrou que falar e soltar a voz é o caminho para enfrentar esse tipo de violência que se caracteriza pela recorrência de falas e ações que ferem a dignidade. O poema de Brecht foi escolhido por ser muito atual ainda e deixa uma importante mensagem: nada deve parecer impossível de mudar”, expõe.

A professora de Gestão Hospitalar da Universidade Tiradentes (Unit), Rebeca Goes, falou sobre o diferencial no formato do evento e da relevância dos temas para a formação dos futuros profissionais da saúde. “Ter a arte, o lúdico, o vídeo, sair do convencional mexe com outros sentidos e conseguimos ver a representação de muitas situações de violência. O tema do assédio precisa ser trabalhado desde a graduação para que quando os estudantes entrem no mercado de trabalho, saibam enfrentar questões complexas como o assédio moral, por exemplo. Com o que foi mostrado aqui podem compreender como não se tornar um assediador e, caso venham a vivenciar um problema como esse, consigam quebrar o ciclo de violência que, muitas vezes, vai passando e acaba sendo normalizado pela sociedade. Por isso, é preciso ações que ultrapassem isso, eu acredito que movimentos como esse de discussão, aproximação com o tema, de disseminar o conhecimento, é libertador”, enfatiza a docente.

Para a acadêmica de enfermagem da Unit, Sara Andrade, a proposta prendeu e conseguiu motivar ainda melhor as discussões da roda de conversa. “Foi de muita importância, tarde muito esclarecedora. Um dos aspectos que considero muito bom, foi a escolha por terem aproximado os temas do assédio sexual e da sororidade. Isso me causou bons sentimentos”, expressou a estudante.

O também acadêmico de enfermagem da Unit, Fabiano Macedo Queiroz, acredita que a falta de informação é o que faz com que as pessoas, muitas vezes, não consigam diferenciar assédio de outros tipos de violência. “As pessoas precisam disso para se defender de todos os tipos de assédio e entender o que é preciso denunciar. Um momento marcante para mim, foi o depoimento de uma colega que sofreu assédio sexual. Ela falou sobre a importância da sororidade quando ela precisou de acolhimento e mostrou uma grande força ao expor isso. Senti que ela quis compartilhar para que outras pessoas possam se defender dessas situações”, analisa o discente.

Para a psicóloga e professora de Psicologia Hospitalar na Faculdade Estácio de Sergipe, Uquênia Lemos Brito, os estudantes presentes saíram do evento com um novo pensamento, um novo olhar sobre as temáticas apresentadas “O evento abrangeu até mais do que imaginávamos. A gente sempre pensa na temática a partir do que estamos trabalhando na faculdade, mas acredito que elas vão pensar também levar os saberes para a vida pessoal delas, para o mundo lá fora. Quando temos acesso à informação qualificada e isso aconteceu aqui, nos tornamos agentes transformadores”, destaca.

Foto: Flávia Pacheco

O post Secretaria de Estado da Saúde cria projeto que relaciona direitos humanos e saúde apareceu primeiro em Saúde.