O CRAI Sergipe conta com profissionais capacitados e de diferentes áreas, com o objetivo de minimizar as consequências dessas violências, além de punir os culpados criminalmente
Nesta terça-feira (06), o governador Belivaldo Chagas inaugurou o Centro de Referência no Atendimento Integral Infantojuvenil – CRAI Sergipe, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (SES). O espaço conta com profissionais capacitados e de diferentes áreas (de saúde e segurança pública), que prestarão atendimento às crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, com o objetivo de minimizar as consequências dessas vivências e punir os culpados criminalmente.
O CRAI Sergipe é o primeiro do Norte/Nordeste, seguindo a experiência exitosa realizada no estado do Rio Grande do Sul.
“Nós temos uma demanda, que era uma preocupação antiga. Cerca de 1.500 crianças e adolescentes foram atendidos ano passado, na maioria vítimas de violência sexual e, neste ano, já são quase 1.000 atendimentos. Por isso estamos entregando esse centro de referência no atendimento integral infantojuvenil. É uma ação muito importante e temos também que agradecer a parceria que fizemos com o Ministério Público no aporte de recursos, para que a gente pudesse entregar essa obra”, disse o governador, que ressaltou ainda o cumprimento de ações em benefício da população.
“Governar é isso, você tem um planejamento desde o primeiro momento, tem um plano de governo na campanha, mas no dia a dia vai detectando necessidades outras e foi exatamente isso que fizemos, muito do que estava no nosso planejamento, quase 80%, nós cumprimos e, fora dele, realizamos também várias ações outras para a sociedade sergipana, a exemplo desta e do Hospital da Criança”, reforçou.
Com o início das atividades do CRAI, equipamento de suma relevância para atendimento dos direitos e especificidades do público infantojuvenil, o Governo de Sergipe dará uma maior humanização e agilização no atendimento às vítimas de violência sexual e de suas famílias, com atendimento em um só local. O Centro fornecerá desde o registro da ocorrência policial, preparação para a perícia médica, notificação ao conselho tutelar e avaliação clínica até o encaminhamento para tratamento terapêutico na rede de saúde do município de origem da vítima.
De acordo com a secretária de Estado da Saúde, Mércia Feitosa, o novo equipamento vai possibilitar o avanço na política de assistência às vítimas de violência. “Aqui há um serviço dedicado a uma população vulnerável e que tem todas as suas dificuldades. A violência é uma crescente no país, então aqui a gente concretiza um espaço qualificado, humanizado, acolhedor e com multiprofissionais. Há toda uma estrutura para que a gente trace uma linha de cuidado adequada para essa criança ou adolescente. Então não é só um exame, não é só receber o atendimento inicial e ir embora, a gente também fará o acompanhamento em parceria com o município ao qual ele reside”, enfatizou a secretária.
Funcionamento
A integração das ações de prevenção, atendimento/proteção evitará a revitimização, trazendo mais articulação e aperfeiçoamento das investigações, entre os órgãos e a rede proteção. Até o momento, o atendimento era realizado dentro de um pronto socorro. Em 2021, foram realizados no Serviço de Violência da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, mais de 1.500 atendimentos de crianças e adolescentes vítimas de violência. Neste ano, até o mês de outubro de 2022, foram registrados 927 atendimentos.
Segundo a superintendente da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes e coordenadora do Centro de Referência no Atendimento Integral Infantojuvenil – CRAI Sergipe, Lourivânia Prado, o espaço vai funcionar de forma integrada, com equipes de multiprofissionais.
“O centro veio para diferenciar o atendimento. A criança é acolhida e passa pelo atendimento da psicologia; a família é acolhida pela assistência social; temos, se for preciso, a perícia e o registro de boletim de ocorrência. É um serviço que já está bem avançado para inaugurar também aqui dentro do Centro. A proposta é fazermos o atendimento tanto de casos suspeitos que chegam da rede, quanto de casos confirmados, que precisam de uma assistência interdisciplinar. Depois do primeiro atendimento, a gente faz o acompanhamento dessas vítimas menores de 19 anos, por no mínimo seis meses, ou até um ano, a depender de cada caso”, explicou.
Ainda segunda a coordenadora, a ideia é despertar um olhar de toda a rede, educação, serviços de proteção e Justiça, voltada para este público. “Porque a violência é uma das maiores formas de agravos e danos não só físicos, mas também psicológicos, para uma vida inteira. Uma criança que sofreu abuso ou violência sexual na infância, por exemplo, vai repercutir na adolescência. E a gente precisa cuidar desses jovens, que são o nosso futuro, nosso amanhã”.
O espaço funcionará de segunda a sexta-feira, das 7 às 19 h. Nos finais de semanas, noite e feriados, as vítimas receberão o atendimento emergencial na rede de urgência hospitalar do Estado de Sergipe e terá seu seguimento assistencial no CRAI Sergipe.
Parceria
O prédio foi construído, anexo a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, com recursos de reparação de dano social por meio da atuação do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público de Sergipe, da Justiça do Trabalho, em parceria com o Estado de Sergipe, através da Secretaria de Estado de Saúde.
De acordo com a promotora de Justiça da 8ª Promotoria dos Direitos do Cidadão, Lilian Carvalho, a ação é fruto de uma somação de esforços, visando a articulação de uma rede de proteção infantojuvenil. “A criança e o adolescente são pessoas em formação e merecem todo o nosso olhar humanizado. Então, desde muito tempo a gente começou a sonhar com esse espaço, para atendimento de vítimas de violência sexual, que é uma das piores formas de violência. A partir daqui nós teremos atendimento psicológico, social, médico, de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis e de outros cuidados de saúde. Aqui ela vai ser acolhida, atendida e vai funcionar também como um ponto avançado da Segurança Pública, porque nós precisamos compreender que é preciso prevenir primeiro. E depois que acontecer, a vítima precisará de proteção e acolhimento e as pessoas que fizeram o crime precisarão ser responsabilizadas”, declarou.
Fonte: ASN
Fotos: Mario Sousa
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