Projeto ‘Vida que Segue’ oferece apoio e momentos de ressignificação para pacientes que precisaram fazer a retirada da laringe
Nesta segunda-feira, 9, a recepção do setor de Radioterapia do Centro de Oncologia do Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse) recebeu uma apresentação especial do Grupo de Acolhimento ao Laringectomizado Total ‘Vida que Segue’, formado por pacientes oncológicos que precisaram fazer a retirada da laringe. Com o tema ‘Canto de Natal’, o evento encantou pacientes, familiares, acompanhantes e convidados, trazendo um momento de acolhimento, música e esperança.
A iniciativa teve como objetivo apresentar o projeto e proporcionar momentos de alegria e celebração. A apresentação, que contou com peças musicais inspiradas no espírito natalino como as canções “Noite Feliz” e “Então é Natal”, é uma forma de levar aos pacientes e familiares a mensagem de esperança e renovação que caracteriza essa época do ano.
O trabalho é conduzido pela fonoaudióloga e responsável pelo Ambulatório de Fonoaudiologia do setor de Oncologia do Huse, Margareth Andrade, idealizadora do projeto, e conta com a participação do músico Judisson Silva, além de cantores e professores do Departamento de Música (DMU) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Aline Araújo e Daniel Nery. O evento também contou com a participação do Quarteto de Cordas, que complementou a celebração.
Aparecida Dória, de 50 anos, estava acompanhando um familiar durante o tratamento oncológico no Huse e parou para conferir a apresentação. “Foi muito lindo e emocionante. Achei maravilhoso, é um exemplo de vida e um exemplo de superação de cada um deles. Que eles possam ser o espelho de muitos que estão ainda por aqui, que precisam ter a sua cura, a sua vitória, como eles. A organização está de parabéns pelo projeto muito bonito. Que Deus possa abençoar cada um deles grandemente”, comentou.
Acolhimento e transformação
O grupo ‘Vida que Segue’ foi criado em 2020 pela fonoaudióloga Margareth Andrade, que também representa a Rede+Voz da ACBG Brasil. O projeto visa permitir a ressocialização e o trabalho de empoderamento e identificação com outros pacientes com uma nova condição funcional e física. “Aqui é um espaço de trocas de experiências, onde eles fazem o reconhecimento da nova função, seja ela respiratória, vocal, da própria comunicação, e isso traz uma melhora da qualidade de vida para eles”, acrescentou Margareth.
Além disso, realiza acolhimento e apoio ao paciente e família, propicia o compartilhamento de emoções e experiências vividas e auxilia o processo terapêutico de aperfeiçoamento da voz alaríngea, por meio do canto. “A partir da música, também conseguimos, com a laringe eletrônica, trazer o aperfeiçoamento da voz e a modulação. A partir disso, verificamos uma melhora na articulação do paciente, na clareza da comunicação e, além dos aspectos fonoaudiológicos na reabilitação da voz, a gente também observa a melhora da autoestima desse paciente”, complementou.
Há pouco mais de dois anos, o aposentado Ailton Ribeiro, 54, descobriu um câncer e precisou fazer a laringectomia total. “Ainda durante a suspeita da doença já passei por momentos difíceis e comecei a ficar bastante deprimido. Agora, com a participação no grupo e no coral, estou me levantando novamente. Este trabalho levantou a minha autoestima e me ajudou bastante. Nem tenho palavras para descrever”, disse.
Para Célia Fernandes, 60, o grupo ‘Vida que segue’ foi um divisor de águas na vida do seu esposo Ailton. “A gente acaba estando junto em vários momentos. Foi ótimo. Não somente para ele como para todos os participantes do grupo porque são todos muito unidos. Eles participam e se sentem felizes. Vejo uma iniciativa de grande importância e maravilhoso pra eles”, salientou.
Apoio
No ano passado, o grupo também ganhou uma parceria de grande relevância com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), por meio do Departamento de Música.
O egresso da UFS e atual coordenador do Coral, Judisson Silva, enalteceu a importância do projeto. “No primeiro contato, eles relataram que nunca tiveram contato com a música e iniciamos com um trabalho inicialmente rítmico e, posteriormente, com uma atuação voltada para que eles pudessem atingir algumas frequências, alguns intervalos musicais, para a preparação dos arranjos. É um trabalho bastante minucioso e importante. Com a música, eles trazem um outro olhar de acolher e poder ressignificar a vida de todos os participantes”, finalizou.
Fotos: Valter Sobrinho
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