Huse: grupo de apoio ao laringectomizado total acolhe e reabilita o paciente

“O meu câncer foi de garganta e diagnosticado no segundo semestre de 2018, no meu caso foi identificado que existia algo de estranho na minha garganta, só que na época o médico não conseguia definir o que era e a medida que o tempo foi passando a minha situação foi piorando, até que o oncologista resolveu ir além e quando foi descoberto o meu câncer já estava no nível 4, ou seja, o último estágio. Você pode optar pela radioterapia e quimioterapia, mas é 50% de chance e o que lhe dá a expectativa de vida é justamente a cirurgia, mas você perde a sua laringe”.

Este é o depoimento do paciente oncológico, Luciano Souza, 69, que participa do grupo de apoio ao laringectomizado total do Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse). Ele é só gratidão em todos os encontros promovidos pela fonoaudióloga do Ambulatório de Oncologia do hospital, Margareth Andrade, e que tem como objetivo acolher, trocar experiências do dia a dia, se fortalecer emocionalmente e fazer com que o paciente se identifique com outras pessoas que passaram pelo mesmo tipo de cirurgia.

“A partir desse grupo a gente consegue dar um empoderamento para eles, além disso é um espaço terapêutico onde a gente consegue trabalhar a questão da comunicação, da reintrodução desse indivíduo na sociedade, porque a partir do momento que ele tem comunicação com outras pessoas ele deixa de ficar isolado em casa e se empodera para conseguir a reabilitação da voz que é um trabalho do fonoaudiólogo”, declarou Margareth Andrade.

Ainda de acordo com ela, o grupo de acompanhamento ao laringectomizado total acontece em todo o Brasil e serve para acolher esses pacientes que sofrem uma mudança na vida inteira e que perdem a capacidade de se comunicar. “Esses pacientes depois da cirurgia perdem a capacidade de respirar pelo nariz, não filtra o ar e ele está sempre com secreção, com tosse e isso dificulta pra dormir, ele não consegue lavar o cabelo, tem que ter todo um cuidado para não entrar água no estoma porque ele pode se afogar já que o buraquinho do estoma leva o ar totalmente para o pulmão, além disso ele não consegue ter a percepção dos cheiros, porque quem tem esse papel é o nariz e com a perda do fluxo de ar ocorre uma redução na capacidade de sentir cheiro”, explicou a fonoaudióloga.

Cerca de 60% dos pacientes chegam no consultório com o câncer avançado e eles podem ter uma taxa reduzida de cura, com o alerta da campanha nacional de prevenção do câncer de cabeça e pescoço, as chances de tratamento são maiores como quimioterapia, radioterapia e cirurgia. O principal causador do câncer de cabeça e pescoço é o cigarro e o álcool, quando associados aumentam em torno de vinte vezes a chance de desenvolver a doença.

“A gente fala no consultório que não é fácil uma pessoa que fumou a vida inteira deixar o cigarro, por isso a necessidade de acompanhamento de procurar um médico e dizer que quer deixar o vício e alertar para aqueles que não têm evitar esse tipo de vício do cigarro e álcool. Outro fator que a gente tem observado ultimamente é o aumento de pessoas jovens com câncer de cabeça e pescoço por conta do HPV, por conta das relações sexuais, por não usarem o preservativo, a gente alerta a necessidade do uso do preservativo na relação sexual, além de evitar o cigarro e o álcool”, enfatizou a médica.

Foi o que aconteceu com o paciente oncológico Manoel Carivaldo Santana, 70, durante grande parte da sua vida fez o uso associado do cigarro e do álcool. Essa mistura lhe trouxe um câncer na garganta e muita falta de ar. “Eu fumava duas carteiras de cigarro por dia, eu bebia muito o dia todo, até que um dia eu acordei de madrugada sem ar, sem fôlego nenhum, pensei que fosse morrer, fui para o hospital e pedi a Deus para voltar meu fôlego. Eu só tenho que alertar as pessoas que deixem de beber, de fumar, a vida é muito preciosa, só tenho gratidão pelo atendimento que recebi aqui na Oncologia do Huse e pelo cuidado especial da dra. Margareth Andrade, que a cada dia só me ajuda”, pontuou o paciente.

Ficar atento aos sinais de alerta é muito importante, principalmente, se permanecerem por mais de 20 dias como, por exemplo, uma dor de garganta que não passa, uma ferida ou afta na boca o tempo todo, entre outros episódios. Ao persistirem os sintomas, o médico deve ser consultado para fazer os exames adequados e verificar se a lesão é maligna ou não.

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