Huse realiza quarta captação de múltiplos órgãos em janeiro

Esse é um recorde para o primeiro mês do ano. Última ocorreu na tarde da sexta-feira, 27, onde foram retirados fígado, rins e córneas. Órgãos também seguiram para outros dois estados do Nordeste

O Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse) realizou, na última sexta-feira, 27, a quarta captação de órgãos em Sergipe em 2023. Foram retirados fígado, rins (direito e esquerdo) e córneas de um paciente de 22 anos, vítima de acidente motociclístico. O doador estava internado em uma ala de tratamento semi-intensivo do Huse, mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito após confirmação de morte encefálica.

Segundo a Organização de Procura de Órgãos de Sergipe (OPO), trata-se de um novo recorde de captação de órgãos para o mês, totalizando quatro, de acordo com os dados dos últimos três anos. Foram duas captações em janeiro de 2020, nenhuma em 2021 e três captações em 2022.

Participaram do procedimento de captação a equipe médica da OPO Sergipe e do Huse. Segundo a coordenadora da OPO Sergipe, Darcyana Lisboa, os órgãos também foram enviados para pacientes de dois outros estados do Nordeste.

“O fígado foi encaminhado para um paciente do Ceará, os rins (direito e esquerdo) para o Rio Grande do Norte, conforme indicação da Central Nacional de Transplantes (CNT), unidade responsável por ofertar os órgãos ao Sistema Nacional de Transplantes. As córneas seguiram para o Banco de Olhos de Sergipe”, disse Darcyana Lisboa.

De acordo com a coordenadora da OPO Sergipe, a captação foi possível após autorização da família, que decidiu pela doação dos órgãos após a confirmação da morte encefálica do jovem.

“Mesmo diante de uma situação de luto causada pela perda do ente querido, familiares, em um gesto de enorme gratidão e amor ao próximo, decidiram pela doação dos órgãos, por dar uma sobrevida a quem precisa. Ficamos agradecidos tanto por esse gesto como também por saber que estamos batendo um novo recorde de doação. A última vez ocorreu em julho de 2022, quando realizamos seis procedimentos em um único mês. Isso quer dizer que a sociedade está, cada vez mais, consciente sobre a importância da doação”, destaca a coordenadora.

Captação
O processo de doação dos órgãos inicia a partir do momento da confirmação de morte encefálica. Sobre isso, a coordenadora da OPO Sergipe explica o processo, feito em três etapas. Segundo ela, a partir do momento em que a equipe médica percebe que o paciente não responde ao tratamento, começa a investigação para averiguar se está diante de um quadro de morte cerebral, que é constatado após a realização dessas etapas.

Primeiro, a verificação por meio de exames clínicos, seguido do teste de apneia. Por fim, é realizado exame de imagem (DTC), para que seja fechado o protocolo de morte encefálica (Gasglow 3). “A partir daí, entramos em contato com a família para saber se a captação está autorizada. Tendo uma resposta positiva, acionamos a Central Estadual de Transplante, que comunicará a Central Nacional e, a partir daí, é iniciado todo processo de doação”, explica Darcyana Lisboa.

Como ser doador
De acordo com a coordenadora, atualmente, para que o paciente seja doador, ele precisa expressar, ainda em vida, a sua vontade para os seus familiares. “É importante destacar que, embora algumas pessoas tenham documentado esse desejo no próprio Registro Geral (RG), hoje, para doação, isso não é considerado válido. Quem autoriza a captação é a própria família. Por isso, é importante que a pessoa comunique sempre aos seus entes sobre o desejo de ser um doador”, salienta.

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