I Seminário Estadual de Enfrentamento à Covid-19 aborda a vacinação e o controle da pandemia

O panorama da Covid-19 em Sergipe, os desafios e perspectivas da pandemia do coronavírus estão sendo debatidos no ‘I Seminário Estadual de Enfrentamento a Covid-19: perspectivas e desafios’, promovido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). O evento é realizado até hoje, sexta, 20, de forma remota e tem como público-alvo gestores e profissionais do Sistema Único de Saúde. O Seminário é transmitido através da plataforma YouTube, no link: www.youtube.com/channel/uCdhlZK1wfjuAbigv2JUVfag.

Neste segundo dia de atividades do seminário, o médico infectologista e diretor de Vigilância e Saúde da SES, Marco Aurélio Góes, falou sobre a vacinação e o controle da pandemia. Ele fez uma explanação sobre diversos aspectos relacionados às vacinas e ao processo de imunização ao longo da história. “As vacinas desencadeiam uma reação no sistema imunológico e estimulam a formação de anticorpos. É a melhor forma de prevenção. Uso de vacinas tem o maior custo beneficio no controle de doenças imunopreviníveis que o de medicamentos para a sua cura. As vacinas são seguras e consideradas essenciais para a saúde publica”, destacou.

O médico fez um rápido percurso histórico sobre as principais vacinas. “A primeira vacina foi criada 1796 contra a varíola pelo inglês Edward Jenner. A doença teve sua erradicação em 8 de maio de 1979. Em 1885 tivemos a vacina contra a Raiva, desenvolvida por Louis Pasteur e, em 1960, Albert Sabin desenvolveu a vacina contra a Poliomielite”, disse.

Sobre a importância das vacinas, Marco Aurélio destacou que elas reduzem a incidência de doenças imuniproviniveis, evitam/reduzem a morbimortandade, casos graves, óbitos e promovem a proteção coletiva. “A imunidade comunitária ou imunidade coletiva é o objetivo das campanhas de vacinação e nunca deve custar a exposição planejada à infecção de milhões de pessoas adicionais, bem como a doença grave e mortes evitáveis de centenas de milhares de pessoas”, assegurou.

Com relação à imunidade de rebanho natural, o infectologista disse que não é a melhor resposta para o combate a uma pandemia. “Esperar que 85% população contraia a doença para adquirir a imunidade de rebanho, temos um custo alto de vidas, muito mais do que já tivemos até agora. A gente teve momentos que em que as vacinas foram contestadas, mas temos que entender que as medidas são para o bem comum”, alertou.

Eficácia das vacinas

Hoje o Brasil tem quatro vacinas para o combate à Covid-19: Astrazeneca, Pfizer, Coronavac e Janssen. Marco Aurélio explanou sobra a avaliação da eficácia das vacinas. “Avaliar a sua durabilidade de imunização é o ponto mais critico das vacinas. Temos vacinas que precisamos tomar de 10 em 10 anos, como a antitetânica. Há vacinas que precisam de apenas uma dose durante a vida, é o caso da febre amarela, e há vacinas que precisamos aplicar anualmente, como a gripe, por causa das mutações”, explicou.

Com relação à cobertura vacinal, Marco Aurélio, destacou que cada município tem um perfil epidemiológico diferente, por isso, alguns conseguem avançar mais rápido na imunização do que outros. Por exemplo, há a variação da população de jovens e idosos.

Variantes de preocupação

As variantes de preocupação são aquelas que trazem mutações e dão características diferentes a esse vírus. Elas podem propiciar o escape imunológico, aumento da transmissibilidade, aumento da virulência, mudança na apresentação clínica da doença, diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública ou diagnósticos. “Hoje nossa grande ameaça é a variante Delta. A gente não sabe se a repercussão que ela vai trazer no Brasil é a mesma que ela já está trazendo para outros países”, disse.

Porque pessoas vacinadas podem morrer de Covid? Marco Aurélio explicou que a resposta imune é diferente. A presença de comorbidades e o envelhecimento natural  geram respostas diferenciadas. “Portanto, os idosos já respondem pior às vacinas e com isso produzem menos anticorpos. Por isso a prioridade na vacinação”, destacou.

O diretor de Vigilância e Saúde da SES, ainda apresentou noticias de vários países apontando o aumento de mortes e internações entre os não vacinados. “Alguns estudos mostram que é como se houvesse uma pandemia em um grupo específico: no grupo de não vacinados que traz características diferentes com maior letalidade e uma maior taxa de internação”, destacou.

Com relação às fake news, o médico ressaltou a necessidade de combatê-las. “É importante o esclarecimento da população contra muita desinformação que vem sendo feita com relação as vacinas contra a Covid-19”, disse.

Desafios

Entre os principais desafios que o sistema de saúde enfrenta com relação à vacinação, está à redução do intervalo de aplicação entre as doses  e outras questões. “Se vamos precisar de doses anuais, ainda não é possível assegurar. Os estudos precisam demonstrar se a intercambialidade de vacinas pode ajudar aos grupos prioritários nas doses de reforço. Hoje o grande desafio é a cobertura vacinal homogênea não só no estado, no país, mas no mundo”, assegurou.

O diretor finalizou a apresentação respondendo a pergunta: a vacina é suficiente para o controle da pandemia da Covid-19? Marco Aurélio disse que a vacina não é suficiente para o controle da pandemia, mas é essencial e necessária. “A vacina consegue trazer um grande impacto. É mais uma barreira contra a transmissão do Sars-CoV-2, mas é fundamental o uso de máscaras, o distanciamento social, evitar multidões, lugares mal ventilados e lavar as mãos com frequência”, finalizou.

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