Utilização desses itens é a maior causa de desmame no Brasil e no mundo, pois o uso pode acarretar ‘confusão de bicos’ e de fluxo
A Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, equipamento da Secretaria de Estado da Saúde (SES), orienta as gestantes, puérperas e familiares sobre a importância da amamentação e o não uso de mamadeiras, chupetas e bicos artificiais. A utilização desses itens leva a um fenômeno chamado de ‘confusão de bicos’, pois o bebê pode começar a sugar de forma errada o seio materno, já que as formas de sugar o peito, chupeta, mamadeiras e bicos intermediários são diferentes.
De acordo com a referência técnica em Fonoaudiologia da MNSL, Berta Raika de Sousa Sereno, o uso de bicos artificiais é a maior causa de desmame no Brasil e no mundo, pois pode atrapalhar a forma como o bebê amamenta no seio. Dessa forma, pode causar machucados na boca do bebê, irritação ao peito, dor nas mamas da mãe, pois a criança deixa de sugar o leite. Além de ter vários impactos negativos no desenvolvimento do bebê, como dificuldade na fala, desenvolvimento da face, pode alterar a posição dos dentes e a forma de respirar do bebê, fazendo com que ele respire pela boca ao invés do nariz, entre outros problemas.
“Para evitar o desmame precoce e ocorrências como oclusopatias (anomalias do crescimento e do desenvolvimento, que afetam principalmente os músculos e ossos maxilares), é recomendado não oferecer bicos artificiais ao bebê. Quando for necessário complementar a amamentação com leite artificial, é possível utilizar copinhos de transição”, explicou a fonoaudióloga.
Existem casos em que o médico ou o fonoaudiólogo pode prescrever o uso de mamadeira ou chupeta. A indicação da mamadeira vai acontecer quando a mãe não puder amamentar no caso de uso de alguma medicação que seja contraindicada, quando o bebê apresentar intolerância ou alergia alimentar. “A chupeta também pode ter indicação clínica em alguns casos em que haja necessidade de uso de forma terapêutica”, informou Berta.
A mãe M.S.N, de 15 anos, natural do município de Lagarto, teve o pequeno Arthur com apenas 26 semanas de gestação. Após dois meses, ela e o pai do bebê, Ítalo Rabelo dos Santos, 21, estavam alegres com a alta hospitalar e receberam orientações para a alimentação do bebê exclusivamente com leite materno até os seis meses de vida. “O nosso bebê só mama no peito da mãe e fomos orientados a não dar nenhuma chupeta ou mamadeira para ele não parar de mamar, pois sabemos da importância do leite materno. Nosso menino vai crescer forte e saudável. Estamos muito felizes”, disse Ítalo.
Orientações
Segundo a fonoaudióloga, existem diversas formas de acalmar um bebê sem precisar recorrer a chupetas, como massagens relaxantes, dar um banho quente ou em um balde (estilo ‘ofurô’), mudar de ambiente, acariciar as costas dele, enrolar o bebê em uma manta.
“Sons diferentes do comum, como canções, sussurros, sons da natureza ou a abertura e fechamento rápido da torneira, podem ajudar a acalmar o bebê. Como também criar um ambiente confortável, verificar se o bebê está com fome, sono, frio, calor, se a fralda está suja ou se tem sinais de dor. Segurar o bebê firmemente e deixá-lo apertadinho em um ‘charutinho’ também pode acalmá-lo”, acrescentou Berta.
Certificação
Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas. Esse é um dos dez passos obrigatórios para se obter o selo de certificação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) que a maternidade está pleiteando.
Para isso, o Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente (NQSP), setor responsável pela implantação da IHAC, proibiu a entrada de mamadeiras, chupetas e bicos artificiais nas dependências da maternidade, salvo raras exceções, em que são prescritas pelo médico ou fonoaudiólogo da equipe.
Fotos: Ascom SES
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