Projeto estimula habilidades comunicativas em pessoas com deficiência

Por meio da Comunicação Alternativa, assistidos pelo CER IV participam de atividades que envolvem brincadeiras e a contação de histórias, utilizando os pictogramas

O sistema de Comunicação Alternativa possibilita a ampliação das habilidades comunicativas em pessoas com deficiência. Uma das técnicas mais utilizadas na atualidade é a pictográfica, recurso que transforma atividades como contação de histórias e brincadeiras por meio dos pictogramas. 

No Centro Especializado em Reabilitação José Leonel Ferreira Aquino – CER IV, equipamento da Secretaria de Estado da Saúde (SES), pesquisadores e estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS) contribuem para que as crianças e adolescentes que apresentam necessidades complexas de linguagem possam se comunicar de maneira mais adequada, utilizando a comunicação alternativa de baixa tecnologia.    

Davi Gabriel Silva tem 6 anos e foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) aos 4 anos. No CER IV, além de participar do Grupo de Comunicação Alternativa da UFS, ele é atendido por uma equipe multidisciplinar desde o ano passado. A mãe de Davi, Verleide Silva, conta como todo esse acompanhamento fez a diferença na vida dele.  

“Quando iniciamos no projeto e no CER IV, Davi não falava direito, não conseguia pegar os objetos, não escrevia e tinha muitas dificuldades. Agora, ele já consegue ler, conhece as letras, os números e já se desenvolveu bastante. Todo esse trabalho já auxiliou no processo de comunicação e socialização do meu filho”, afirmou Verleide. 

Os atendimentos são realizados em grupos, divididos por faixa etária, atendendo pacientes dos 3 aos 18 anos. “Com o trabalho do grupo terapêutico, conseguimos ampliar ainda mais o repertório que envolve as habilidades comunicativas, como a expressão e compreensão, organizados e construídos por meio dos auxílios externos”, destacou a fonoaudióloga e gestora operacional da Reabilitação Intelectual/TEA, Francielle Dias. 

Além do processo comunicacional, as atividades confeccionadas também trabalham os aspectos linguísticos e cognitivos, estimulando a conversação, a memória, o raciocínio, entre outras habilidades. “Realizamos o trabalho em grupo, atuando em uma perspectiva internacional e reconhecendo que é em grupo que a comunicação acontece. “A comunicação não é um movimento isolado. Em países como a França, Itália e Canadá, que são modelos de atenção à saúde, tem dado muito certo e trouxemos esse modelo para dentro do CER IV”, salientou a pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Linguagem e Comunicação Alternativa da UFS, professora doutora Rosana Givigi. 

“A Comunicação Alternativa não é aleatória, é um sistema de comunicação. E o nosso objetivo não é apenas que ele diga ‘sim’ ou ‘não’; é que ele consiga fazer a expressão do pensamento e isso é muito mais complexo. Outro fator bastante positivo é que a Comunicação Alternativa também pode auxiliar no desenvolvimento da fala e já temos muitos estudos que comprovam isso, porque a linguagem é resultado de uma intenção”, acrescentou a pesquisadora. 

Pictogramas

Os símbolos pictográficos são um conjunto de recursos e técnicas que utilizam imagens representativas do cotidiano e da própria linguagem. Inicialmente, os participantes reconhecem palavras e símbolos e, posteriormente, são introduzidos no sistema de comunicação.        

“Dentro do CER IV já avançamos bastante. Percebemos o quanto as crianças e adolescentes têm mudado o processo de comunicação e de compreenderem o espaço de terapia, multidisciplinar e também de acolhimento. Eles interagem muito, por exemplo, quando a gente utiliza o teatro de animação, eles sentem vontade de pegar e de manipular”, comentou o pesquisador e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFS, Lucas Wendel Silva.  

Para a pesquisadora e doutoranda do mesmo programa, o projeto traz ainda a possibilidade de trabalhar a interação com as crianças. “Como um dos pilares do projeto é o trabalho em grupo, a gente consegue trabalhar a interação entre as crianças e entre a criança e o terapeuta, por meio da ludicidade”, concluiu.

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