Sergipe já registrou nove doadores em 2025; dentre eles, um paciente de 11 anos que expressou seu desejo ainda em vida
Mesmo ainda sendo um desafio, principalmente por conta do aceite familiar, o ato da doação de órgãos e tecidos tem representado uma nova chance para aqueles que estão na fila, em diversas partes do país. Doar é um ato de ressignificar a perda e se tornar esperança na vida de pessoas que aguardam por um transplante. Em todo o Brasil, mais de 45 mil pessoas esperam por transplantes de órgãos.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é referência mundial na área de transplantes, possuindo o maior sistema público nesta área. Em números absolutos, o país é o segundo maior transplantador do mundo. Entre os órgãos que podem ser doados estão os rins, fígado, coração, córneas e pele.
Em 2024, Sergipe registrou 57 doadores, o que representa um aumento de 42,5% em comparação a 2023 (que teve 40 doadores de órgãos). Já em 2025, o estado contabilizou nove doadores.
Dentre eles, está um paciente de 11 anos que expressou o seu desejo ainda em vida de se tornar doador. Ele sofreu um acidente automobilístico no último dia 3 de março, e foi admitido na Unidade Pediátrica de Alta Complexidade Dr. José Machado Souza do Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse).
“Este foi um caso que nos emocionou bastante, pois sempre falamos da importância em conversar com os familiares quanto à vontade em ser um doador de órgãos. Mesmo com pouca idade, ele falou para a família que gostaria de ser um doador. Sabemos que é um momento bastante delicado e a família aceitou o seu desejo. Com certeza, irá ajudar outras pessoas”, comentou a coordenadora da Organização de Procura de Órgãos (OPO), Darcyana Lisboa. No paciente foram captados os rins, fígado e córneas.
Como forma de homenagear a luta do paciente e o ato da família, os profissionais do Huse e da OPO formaram um corredor humano durante a saída na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pediátrica. O momento foi marcado por aplausos de toda a equipe.
Além disso, a equipe da OPO também entregou aos familiares uma lembrança em forma de agradecimento: um urso que continha sons dos batimentos cardíacos do paciente. “Enquanto Organização de Procura de Órgãos, fazemos o acolhimento familiar desde o início do protocolo de morte encefálica. O protocolo é de notificação obrigatória. A família é envolvida em todo o processo e o aceite familiar é imprescindível para a doação”, destacou a coordenadora.
Para que o paciente seja doador, é preciso expressar ainda em vida, a intenção aos seus familiares, para que haja a autorização da doação pela família.
Protocolo de Morte Encefálica
O protocolo para a doação de órgãos é iniciado com a identificação de pacientes neurocríticos, que estejam em Glasgow 03, indicando uma provável morte encefálica. “Quando a equipe médica percebe que o paciente não está respondendo a estímulos encefálicos, tem início a investigação da morte encefálica. São realizados dois exames clínicos, e o exame complementar, que é um exame de imagem que constata ausência de atividade elétrica, metabolismo ou fluxo sanguíneo no encéfalo”, explicou Darcyana Lisboa.
Fotos: Valter Sobrinho
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