Neste sábado, 16, o país dá ênfase ao Dia Nacional de Com bate à Sífilis e, nesta edição de 2021, evidencia a sífilis congênita, infecção que acomete os bebês em qualquer fase da gestação, em geral devido a falhas no pré-natal, como destaca o gerente do Programa IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Almir Santana. “É um dia para alertar e informar a sociedade que a sífilis é um problema grave de saúde pública, principalmente a sífilis congênita”, observou.
Santana salienta a preocupação com o número de nascimento de crianças com sífilis em Sergipe e revela que a série histórica mostra uma tendência de crescimento. De acordo com os dados do programa, em 2017 foram registrados 318 casos de sífilis congênita, número que subiu para 330 em 2018 e pulou para 484 em 2019. Em 2020, ano pandêmico, foram registrados 543, enquanto neste ano de foram contabilizados até o mês de setembro, 352 casos de sífilis congênita.
O número de gestantes com sífilis apresenta na série histórica a mesma tendência. Em 2017 foram registrados 479 casos contra os 721 contados em 2018, número que saltou para 839 em 2019. Em 2020 foram contabilizados 982 casos e neste ano, até setembro, foram somados 660 casos de sífilis em gestantes.
Os números da sífilis em geral, aquela não é especificada, que acomete adultos de ambos os sexos, apontam 1.214 casos em 2017; 865 no ano seguinte; 583 em 2019; 645 em 2020; e até setembro deste ano, 963 registros. Avalia Almir Santana que o aumento na detecção de casos se dá porque o Estado elevou a testagem para sífilis nos anos anteriores, ação que foi suspensa com a chegada da pandemia.
O cenário epidemiológico da sífilis e da sífilis congênita indica que é preciso orientar ainda mais a população e os profissionais de saúde sobre a infecção, segundo compreensão de Almir Santana, que aponta as mais importantes informações para o enfrentamento do problema. “Toda mulher que pensa em engravidar deve fazer o teste de sífilis antes da concepção juntamente com o parceiro; aquelas que engravidam sem esperar devem iniciar o pré-natal imediatamente; o casal precisa realizar três exames durante a gestação da mulher para a detecção da sífilis”, relacionou.
Uma medida considerada essencial para garantir a saúde do bebê e da gestante é a participação do parceiro no pré-natal, com ele fazendo os testes de detecção, segundo apontou Almir Santana, salientando que outra recomendação importante é o uso do preservativo nas relações sexuais durante a gravidez. “Sei que é difícil essa mudança de atitude, mas a camisinha protege contra as ISTs (sífilis, HIV e hepatite), evitando que a gestante contrai e passe para o bebê”, orientou.
O gerente do Programa IST/Aids desmistifica a ideia de que a transmissão da sífilis ocorre apenas no momento do parto. Segundo ele, a contaminação pode acontecer em qualquer momento da gravidez e ainda alertou para a sífilis adquirida, contraída na relação sexual, que pode ficar latente no organismo, sem a manifestação clínica dos sintomas, mas transmissível. “Daí a importância de os homens realizarem o exame para detecção da infecção”, reforçou Almir Santana.
Ações
Além de usar as redes sociais para difundir as informações, orientações e alertas sobre a sífilis durante a semana de celebração da data, a Secretaria de Estado da Saúde, por meio do Programa IST/Aids tem estimulado os municípios a produzir nas Unidades Básicas de Saúde atividades de enfrentamento à sífilis, a exemplo da oferta do teste para a gestante e o parceiro; da buscativa de gestantes que estão sem o pré-natal; de reunir as mulheres grávidas nas UBS para falar sobre o pré-natal.
“Temos um número grande de gestantes cuja detecção da infecção aconteceu na maternidade e isso não é bom. Temos que descobrir antes do nascimento, porque quanto mais cedo a mulher é diagnosticada, mais cedo é tratada e com isso se diminui o risco de o bebê ser infectado”, concluiu.
O que é
De acordo com Almir Santana, a sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar diversas manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). A possibilidade de transmissão é maior nos dois primeiros estágios e ocorre por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, ou ser transmitida para a criança durante a gestação ou parto.
Sintomas
Sífilis primária
Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”. Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha. Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento.
Sífilis secundária
Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias. Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo. As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura.
Sífilis latente
Não aparecem sinais ou sintomas.
Sífilis terciária
Pode surgir entre um e 40 anos após o início da infecção. Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
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