Saúde reúne membros do Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materno-Infantil e Fetal

A secretária de Estado da Saúde, Mércia Feitosa, abriu na manhã desta quinta-feira, 16, a primeira reunião ordinária do Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materno-Infantil e Fetal em sua nova composição, realizada no auditório do Centro Administrativo da Saúde. Na pauta, as taxas de óbito e as estratégias propostas para melhorar o cenário que, no caso materno, foi agravado devido à Covid-19.

Mércia Feitosa destacou a missão do comitê como o órgão do Estado responsável pela condução da política de enfrentamento às mortalidades. A secretária reconhece que as taxas são elevadas, estando elas bem distantes do que foi pactuado com os municípios e do que preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS), mas também destacou que este não é um problema exclusivo da gestão estadual, mas que permeia nas demais esferas de governo.

São muitos os fatores que, por um lado favorecem o crescimento das mortalidades materno-infantil e fetal e, por outro, dificultam o trabalho de enfrentamento para a redução dos óbitos, segundo expressou a secretária, salientando o papel vital dos municípios nessa questão. “Entendemos que o caminhar paralelo com a Atenção Primária pode reverter os indicadores se toda a linha de cuidado com a gestante, puérpera e a criança for executada com eficiência”, disse.

De acordo com Mércia Feitosa, 90% dos óbitos poderiam ser evitados. E os fatores que levam às mortes precisam ser discutidos e enfrentados, seja na rede materno-infantil, seja na Atenção Primária. “Mas precisamos discuti-los e o comitê vai ser o grande fomentador de ideias, propostas, estratégias, para que a gente potencialize e coloque em prática o Plano de Redução da Mortalidade Materno-infantil que estamos construindo”, enfatizou Mércia Feitosa, acrescentando que o documento está sendo elaborado com o envolvimento de todas as diretorias da Secretaria de Estado da Saúde.

A presidente interina do Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materno-Infantil e fetal, médica sanitarista Priscila Batista, apresentou na reunião o panorama dos óbitos maternos, mas também os caminhos a serem seguidos conjuntamente com a sociedade para revertê-los, bem como os fatores que os determinam. Salientou que a mortalidade materno-infantil e fetal transborda o campo da saúde, sofrendo interferência na área do desenvolvimento social.

“O acometimento da mortalidade ocorre em grupos mais vulneráveis. O perfil dos óbitos maternos aponta para mulheres pretas ou pardas, pobres, com baixa escolarização e em geral que não tenha feito planejamento familiar e revela também dificuldade de acesso aos serviços de saúde mais qualificados, a métodos contraceptivos, a informações sobre direitos humanos e seus direitos como mulher que a favoreça na estruturação da sua vida, além da questão da violência associada”, observou.

A médica pediátrica Cristina Leal é a responsável no comitê pelas investigações dos óbitos infantis e fetais e foi palestrante na reunião desta quinta-feira, quando apresentou o cenário da mortalidade das crianças dos últimos 10 anos. Ela falou também sobre o coeficiente dos óbitos, características, prevenção e as propostas do comitê para barrar a curva ascendente da mortalidade infantil e fetal em Sergipe.

“Nos últimos 10 anos o coeficiente da mortalidade infantil em Sergipe está em uma crescente e, infelizmente, vem aumentando à custa da mortalidade neonatal precoce, que são os bebês com idade entre zero a seis dias de vida. São eles que estão indo mais a óbito”, lamentou a médica pediatra, informando que o coeficiente calcula o óbito entre crianças na faixa etária de zero a 365 dias de vida. Ela citou como fatores preponderantes da mortalidade infantil e fetal o pré-natal principalmente, mas também a atenção da mulher ao parto, atenção da mulher à gestação e atenção ao recém-nascido.

Composição

Dentre os diversos órgãos públicos e da sociedade civil que compõem o Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materno-infantil e Fetal estão representantes de instituições de defesa das mulheres e das crianças, doulas (assistente de parto, sem necessariamente formação médica, que acompanha a gestante até os primeiros meses após o parto, com foco no bem-estar da mulher), do MST, Pastoral da Saúde, Sociedades Sergipanas de Pediatria e de Ginecologia e Obstetrícia, Associação Brasileira de Enfermagem, Universidade Federal de Sergipe, Conselho Estadual de Saúde, maternidades públicas, privadas e filantrópicas, além dos secretários municipais de saúde.

Fotos: Flavia Pacheco

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