SES realiza Curso para Determinação de Morte Encefálica

A semana começou com a realização do  Curso para Determinação de Morte Encefálica – CDME. O evento acontece nesta terça, 13, tem a promoção da Secretaria de Estado da Saúde, Central de Transplantes de Sergipe e apoio do Núcleo Estadual de Educação Permanente em Saúde, e é destinado a profissionais com ao menos um ano de experiência com pacientes em estado crítico. 

Trata-se de um curso intensivo, teórico-prático, com oito horas de atividades na unidade da Universidade Tiradentes – UNIT, do bairro Farolândia. “A gente precisa estimular a consciência dos profissionais sobre o importante papel que desempenham no processo de doação de órgãos e fazer refletir sobre o que representa o paciente com morte encefálica para a sociedade. Há um tempo, devido à falta de informação, alguns profissionais diziam que ‘não iriam deixar de cuidar do vivo para cuidar do morto’. Porém, é necessário ver que aquele morto precisa ser trabalhado por ser um potencial doador”, explica coordenador da Central de Transplantes em Sergipe, Benito Oliveira Fernandez, que na ocasião conduziu um momento sobre a legislação no Brasil que dispõe sobre doação de órgãos. 

O coordenador traçou uma linha temporal da legislação brasileira sobre o tema, explicando os principais desafios e avanços legais. “O Brasil adotou um critério mais rigoroso no quesito diagnóstico de morte encefálica, atualmente precisamos fazer duas avaliações clínicas, essas executadas por dois médicos diferentes e capacitados. É necessário, ainda, exame complementar de imagem para visualizar se o encéfalo possui metabolismo, atividade elétrica e fluxo sanguíneo, somente aí o paciente é declarado morto e a gente pode conversar sobre doação de órgãos”, complementa Benito. 

Além disso, ressaltou a necessidade de abordagens humanizadas à familiares de possíveis doadores. “No dia a dia são muitas dificuldades, porém, a gente não pode perder de vista que lida com seres humanos, por isso, a família tem que ser ouvida e acolhida. Em cada um de nós existe um mundo de emoções  e sentimentos, orientar a família para o quadro de evolução do paciente é imprescidível”, reitera o coordenador da Central de Transplantes de Sergipe.  

O professor da Universidade Federal de Sergipe, Antônio Alves Júnior, que é Cirurgião do Aparelho Digestivo, compartilhou com os participantes a importância de uma preparação consciente do potencial doador de órgãos. “Se mantivermos bem o potencial doador, teremos um bom transplante final. Mas se tivermos um potencial doador mal mantido, ou seja, que deixou a pressão baixar, deixou fazer arritmia, parada cardíaca nós vamos ter um transplante final, qualquer que seja o órgão, mal sucedido”, destaca. 

Diante disso, o professor reforça a relevância de abordagens adequadas de atendimento ao potencial doador. “Fazer uma boa hidratação, reposição de eletrólitos, de sangue. Fazer tudo o que for possível para otimizar essa doação, para que ao final esse órgão seja muito bem mantido, bem captado cirurgicamente e seja implantado da melhor forma”, enfatiza Antônio Alves Júnior.   

O professor da UFS explica como são identificados potenciais doadores de órgãos. “O processo de transplante, do início ao fim, é um processo que inclui várias etapas,  complexo. A fase inicial é quando você detecta, por exemplo, um paciente de UTI ou de urgência que está em morte encefálica. Quando está nessa situação é preciso conversar e acolher a família e pedir a solicitação da doação de órgão, caso aceitem, esse paciente se torna um potencial doador de órgãos”, fala.

Em busca de saberes complementares  sobre o tema  da morte encefálica, a médica Érica Quintela Guimarães, se inscreveu no curso CDME. “Na minha formação eu senti uma carência de informações sobre como identificar a morte encefálica e os procedimentos a serem adotados para fechar o diagnóstico de pacientes suspeitos de ME. O curso está sendo muito vantajoso porque está trazendo, além da questão legal, a possibilidade de compreendermos até onde podemos ir quando se trata de doação de órgão, a questão da captação do órgão e também pensar na  abordagem familiar. É preciso abordar os parentes de um possível doador  da forma correta e no momento oportuno”, compartilha Érica, que é médica plantonista em UTIs do estado e residente em clínica médica do Hospital Regional de Lagarto. 

Foto: Valter Sobrinho

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