Há 25 dias internada na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) do Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse), a dona de casa, Ana Paula Nascimento, 20, que é moradora do município de Itabaiana sofreu uma queimadura em 35% do corpo pelo uso incorreto do álcool líquido. “Eu estava em casa com meu marido e minha filha, era um dia de domingo e fui assar uma carne, como o meu gás de cozinha tinha acabado e eu estava com pressa para adiantar o cozimento da comida fui acender um fogo improvisado. Não percebi que a chama estava acesa e coloquei mais álcool para aumentar, foi quando aconteceu a explosão que me atingiu em grande parte do corpo”, declarou a paciente internada.
Assim como Ana Paula, no período de janeiro a julho deste ano (2021), o número de pessoas vítimas de queimaduras por manusear álcool líquido ou gel de forma incorreta aumentou em torno de 60% na UTQ do Huse, se comparado ao mesmo período do ano passado (2020). “Geralmente a maior porcentagem é por álcool e fogo (chama direta) que esses pacientes se queimam e está relacionado a cozinhar alimento em áreas improvisadas como tijolos e recipientes com álcool. Quando a pessoa acha que finalizou o fogo eles preenchem com mais álcool e o vaso acaba explodindo e acontecendo o acidente”, explicou a gerente da UTQ do Huse, Wandressa Nascimento.
A gerente ressaltou ainda que a queimadura causa um trauma muito grande tanto físico como psicológico ao paciente, eles passam por diversas cirurgias para fazer os curativos porque são extensos, dolorosos e mais complexos. “A queimadura é um trauma físico e psicológico, além das sequelas no corpo inteiro, alguns precisam de enxertia e isso aumenta a área de cicatriz. Quando o paciente chega em casa e se olha no espelho, vê o corpo todo desfigurado, por isso existe um trabalho aqui que a gente faz com psicólogo e psiquiatra para acompanhar esse paciente”, enfatizou a gerente da UTQ.
A UTQ é uma unidade de internação e quando o paciente é direcionado para lá, existe um critério tanto para adulto quanto para criança. Para um paciente adulto a média da queimadura deve estar acima de 15% do corpo, já para um paciente infantil essa porcentagem deve estar acima dos 10% do corpo queimado. Quando se trata de uma queimadura de terceiro grau, a porcentagem é acima de 5% em adultos e 2% em crianças.
Quanto ao tempo de internação, Wandressa Nascimento explica que o tempo varia em média entre 21 a 30 dias. “A queimadura de segundo grau leva 21 dias para cicatrizar completamente, os que começam a cicatrizar antes a gente libera e é acompanhado pelo ambulatório, quando é uma queimadura maior a gente deixa internado mais tempo para tratamento, se submete a várias cirurgias reparadoras, reconstrutoras e até enxertos. Vale ressaltar que acima de 60% de área corpórea queimada a taxa de óbito é altíssima, um prognóstico péssimo para o paciente que se queima acima de 60%”, finalizou.
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