O intuito das reuniões bimestrais é colocar em pauta temas que possuem maior incidência de casos e que, consequentemente, precisam ser analisados

O Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materno-Infantil e Fetal (Cepmmif) da Secretaria de Estado da Saúde (SES) tem como objetivo monitorar e analisar os óbitos e recomendar ações de enfrentamento das principais causas. Por isso, são realizadas reuniões bimestrais com representantes da sociedade civil e profissionais de vários órgãos para discutir pautas relacionadas ao tema. As pautas da terceira reunião do ano, que aconteceu nessa quinta-feira, 19, foram violência obstétrica e a situação da mortalidade infantil em Sergipe.

Participaram da reunião representantes da Sociedade Sergipana de Pediatria, dos Conselhos Estaduais de Direitos da Criança e da Mulher, do Ministério Público Estadual, da Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica de Sergipe, da Associação de Doulas de Sergipe, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), entre outras. Além de gestoras da Saúde Estadual, participaram também representantes da Educação, Políticas para as Mulheres, Inclusão Social e Segurança Pública.

A presidente do Cepmmif, médica sanitarista Priscila Batista, explicou que a escolha dos temas se deu por um conjunto de estudos sobre o caso. “Nas análises de óbitos, sejam eles maternos, infantis ou fetais, temos observado a reincidência de práticas obsoletas, ou mesmo injustificadas tecnicamente e, paralelamente, temos ouvido o clamor de mulheres queixando-se de tais práticas. Por isso optamos por aprofundar o tema com vistas a buscar soluções conjuntas”, explicou.

Foram convidadas para expor sobre o tema da violência obstétrica a mestre em Serviço Social Julie Barbosa, e a médica obstetra Julia Dias, professora do departamento de Medicina da UFS, Campus São Cristóvão. Ambas ressaltaram a importância de se dar visibilidade a esses casos de violência, que precisam ser combatidos. “Muitas vezes, os profissionais aprenderam a fazer assim e repetem sem nem se dar conta de que estão cometendo uma violência”, ressaltou Julia Dias.

Julie Barbosa frisou sobre a escassez de estudos sobre o problema em Sergipe e afirmou que a violência obstétrica atinge, em sua maioria, mulheres negras, como expressão do racismo estrutural ainda presente na sociedade.

A delegada e titular da Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), Vanessa Feitosa, que esteve no comitê representando a Polícia Civil, ressaltou que a participação no debate serve para organizar os fluxos das denúncias e encaminhamentos das vítimas para os órgãos de segurança. “É a primeira vez que estou participando, e é relevante promover discussões sobre esses temas, principalmente estando nessa função de combate à violência materno-infantil, e em relação a crimes sexuais envolvendo crianças e adolescentes, além da violência obstétrica”, revelou.

Por fim, na pauta sobre a mortalidade infantil, a pediatra do Cepmmif, Cristina Leal apresentou a preocupação com a manutenção do coeficiente de mortalidade infantil em Sergipe.  

Fotos: Flávia Pacheco

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