“O trânsito é um problema de saúde”, analisa o gerente do Núcleo de Educação Permanente (NEP) do Samu 192 Sergipe, Kelson Santos Rosário, durante o ‘Bate papo sobre Saúde e Trânsito’, no encontro promovido pela Diretoria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES), que foi realizado na manhã desta quinta-feira, 08, no auditório do Centro Administrativo da SES com profissionais da SMTT, Polícia Militar de Sergipe, estudantes e saúde. 

De acordo com o levantamento do Serviço Móvel de Urgência, de janeiro a agosto de 2022 já são 5.511 acidentes relacionados ao trânsito, somente no mês de julho foram 555 vítimas deste tipo de ocorrência e 566 acidentes tiveram outras causas. Segundo o levantamento, as vítimas mais vulneráveis são os motociclistas e a faixa etária mais atingida é a população economicamente ativa entre os 21 e 59 anos. Em 2021, o número total de atendimentos relacionados ao trânsito chegou a marca de 7.293. 

Na ocasião, o fluxo operacional de regulação do Samu 192 Sergipe foi apresentado à plateia, ou seja, desde a ligação à central de regulação, passando pela avaliação do quadro clínico da vítima, até a intervenção do médico regulador que analisa a situação exposta pela população e faz as devidas orientações, quando necessário, comunica ao Rádio Operador (R.O) para que a viatura seja encaminhada.  

“É importante que todos os órgãos conheçam a natureza do trabalho uns dos outros, por exemplo, a SMTT conhecer o trabalho do Samu 192 Sergipe e vice-versa, desse modo, é possível oferecer informações importantes para um atendimento pré-hospitalar. A nossa central de regulação precisa das informações que são passadas por telefone e essas devem ser o mais fidedignas possíveis”, reforça Kelson. 

O evento foi marcado por ludicidade e interatividade, na abertura os mascotes da SMTT de Itabaianinha recepcionaram as pessoas na entrada do auditório. “Os mascotes Farolito, Sinalito e Sinalinha vieram para somar com o lúdico, os nomes foram dados por meio de votação nas escolas públicas onde realizamos ações. E a novidade em breve são os filhos das personagens, uma forma de impulsionar ainda mais a educação para o trânsito”, explica Altamira Trindade, diretora de Educação para o Trânsito. 

O acolhimento lúdico continuou com a apresentação do grupo Cones de Teatro, da SMTT de Aracaju. Os atores encenaram a peça ‘Se essa rua fosse minha’ que aborda de forma descontraída as infrações mais comuns no trânsito. “A peça conta a história de uma rua, na qual as pessoas se mostram preocupadas com as condutas erradas no trânsito, tais como: dirigir falando ao celular, não usar capacete ou cinto de segurança e a falta de respeito à sinalização e faixa de pedestres”, detalha Riel Gomes, diretor do espetáculo educativo. 

Luiz Paulo de Souza Gomes, profissional de Educação Física, está à frente da associação Sinergia Esportes, que há dois anos está empenhada em tornar o trânsito mais seguro para os ciclistas e os ciclistas mais preparados para o trânsito. Segundo ele, as pesquisas mostram que nos últimos meses de 2021, houve um aumento de 200% no número de acidentes envolvendo ciclistas nas capitais. “Esses dados devem ter uma relação com o aumento no número de ciclistas circulando, a pandemia aumentou a quantidade de pessoas circulando com a bicicleta seja por finalidade de trabalho, lazer ou esporte. Em Sergipe o aumento do número de acidentes com ciclistas subiu para mais de 100% no mesmo período”, expõe. 

Para Luiz Paulo, os problemas com estrutura das cidades, interação entre os diversos tipos de veículos que circulam e a realidade das ciclovias agravam o contexto de acidentes e acredita que é preciso, ainda, fazer um investimento em educação visando os ciclistas. “As ciclovias sofrem as mesmas tensões que outros lugares do trânsito, todos os problemas das vias principais estão presentes também nesses espaços que foram pensados para os ciclistas, então, se faz necessário também falar para o público que transita nas ciclovias, pois, os ciclistas também estão ficando imprudentes. Hoje em dia não é seguro andar em qualquer ciclovia a qualquer horário. Por isso, o meu objetivo hoje é trazer um olhar mais sensível em relação ao ciclista, eu sou usuário e também realizo treinamento esportivo de ciclistas para competições, por isso, sinto de perto toda vulnerabilidade no trânsito e a realidade das ciclovias e dos ciclistas precisa ser mais exposta e debatida”, enfatiza. 

Para Karla Anacleto, Referência Técnica de Violência e Prevenção de Acidentes da Vigilância em Saúde/SES, o diálogo com todos os atores faz a diferença para um trânsito mais seguro. “Todos os anos a SES investe em ações articuladas com os órgãos de trânsito, não somente para promover a reflexão, mas para a construção de iniciativas que possam reduzir o número de acidentes no trânsito, pois, eles impactam diretamente nos serviços de saúde. Para ampliar ainda mais o trabalho em rede, no próximo ano criaremos um fórum permanente, uma maneira de construir coletivamente e tentar sanar as problemáticas relacionadas ao trânsito”, destaca a organizadora da ação.

Fotos: Flávia Pacheco

   

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