Na manhã desta segunda-feira, 17, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) realizou um Fórum de discussão com o tema: “Como Lidar com Pessoas Intersexo na Área da Saúde”, voltado a profissionais da Rede Estadual, no auditório da faculdade Pio Décimo. A Iniciativa contou com apoio da Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social, Escola de Saúde Pública do Estado de Sergipe e Fundação Estadual de Saúde (Funesa).

Intersexo é o termo usado para designar uma variedade de condições em que uma pessoa nasce com uma anatomia reprodutiva ou sexual que não se encaixa na definição típica de sexo feminino ou masculino. Em alguns casos o órgão reprodutor pode ser misto , interno e pode ser uma questão cromossômica também.

Neste sentido, a Diretora de Proteção Nacional da Rede de Ação e Reação de Proteção a pessoas LGBTQIA +, advogada da Associação Brasileira de Intersexos e membro do órgão, Môni Porto, esclareceu diversas dúvidas sobre o tema. Além disso, chamou atenção para as cirurgias em bebês, e enfatizou o quanto isso pode impactar na vida do paciente e da família.

“Acontece casos de crianças que nascem intersexo e como existe um resolução do Conselho Nacional de Medicina que autoriza que os médicos façam a cirurgia nos bebês, os pais dizem qual a genitália que quer, e a cirurgia é realizada, mas isso pode acabar gerando uma vivência que não necessariamente é dessas pessoas. Então isso, deixa as pessoas com vivências frustradas, existem muitos casos de pessoas que tiveram vivências de mulheres porque foram criados como mulher, por causa de uma cirurgia feita. Também tem casos de pais e mães que ficaram com crise de pânico e ansiedade, porque escolheram aquilo para os seus filhos, que na realidade foi uma recomendação médica. A gente acaba criando um problema não só psicológico, mas um problema geral nessas famílias. Como você vai dar aos pais o direito de uma cirurgia irreversível? Existem casos de pessoas que precisam passar por cirurgia, mas isso é menos de 1%”, salientou.

A referência Técnica LGBTQIA + da Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social e Presidente do Conselho LGBTQIA+, Adriana Lohanna, enfatiza que é necessário respeitar a identidade que vai se construir da pessoa intersexo. “É preciso desconstruir alguns conceito que erroneamente foram ensinados, que é os conceitos de sexo, gênero, de orientação sexual. Então como a sociedade foi ensinada erroneamente sobre esses conceitos, a gente precisa ensinar de forma correta para que essas pessoas consigam entender a existência das pessoas intersexo , transsexuais em especial, e nesse fórum, para poder entender a ideia de intersexo, não como uma ideia que foi construída de emarfrodita, da pessoas que tem binariedade de órgão reprodutor, que carrrega consigo dois órgãos ao mesmo tempo. Mas sim, entender que as pessoas intersexo como esse corpo que não está nesse entendimento de masculino e feminino. Precisa respeitar essa identidade que vai se construir , entender como mais um ser humano, e entender que tem que se esperar que construa essa identidade para, aí sim adequar essa pessoa ao género binário masculino e feminino, porque o que acontece é a mutilação desses corpos, sem saber de fato quem eles são”, disse.

A Superintendente da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, Lourivania Prado, disse que o assunto abordado é muito importante para o profissional que está diretamente na assistência. “É uma excelente oportunidade, um fórum de discussões para os profissionais que atuam diretamente na assistência. A maternidade em si, que é referência no estado, também é onde tem o público específico, então é uma oportunidade de debate, de conhecimento e de crescimento profissional, para produzir essa assistência direcionada a esse público”, finaliza.

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