A Secretaria de Estado da Saúde(SES) recebeu nesta terça-feira, 25, representantes da do Ministério da Saúde(MS) para a oficina de implantação da Vacina Febre Amarela na Região Nordeste. O momento reuniu profissionais das diretorias de Vigilância em Saúde, Imunização, Zoonose, Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) e do  Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen), todos mobilizados para pensar junto com o MS, a incorporação de tecnologias digitais na vigilância da febre amarela e a inserção da vacinação contra essa doença, a partir de março, na rotina vacinal dos sergipanos. 

“Essa é uma extensão da reunião que tivemos em novembro do ano passado, em Brasília, naquele momento apresentamos o plano de operacionalização da vacina da febre amarela em Sergipe e, agora,  eles vieram com o propósito de  darmos o primeiro passo rumo à vacinação. É importante salientar que não temos nenhum caso de febre amarela no estado e, justamente por isso, eles estão nos apresentando os prováveis  caminhos que essa doença pode percorrer no Nordeste e a melhor forma de implantar a vacina no estado. Além disso, trazem alternativas para ampliarmos a vigilância epidemiológica, através de pesquisas em nossos animais e, assim, podemos ir norteando as ações de imunização”, explica a enfermeira do Programa de Imunização da SES, Ana Beatriz Lira. 

Para o consultor do Programa Nacional de imunizações do MS, Victor Bertolo,  estar em Sergipe com a oficina sobre a Febre Amarela é sair à frente na prevenção à uma doença séria que já causou grandes impactos no Brasil, “O que propomos é a antecipação de eventuais problemas futuros, ser preventivo em relação à vacinação, ou seja, vacinar antes da ocorrência de grandes surtos. Quando a gente precisa proteger a população  na ocorrência de uma epidemia, os ganhos são menores e temos maior dificuldade operacional. Então, considerando a disseminação do vírus da febre amarela em todo o país, o Nordeste e alguns estados como Sergipe, não tem totalmente incorporada a vacinação da febre amarela, por isso, achamos importante realizar essa ação para evitar crises como a que aconteceu em 2017-2018 na região Sudeste, onde tivemos uma elevada mortalidade e a necessidade de vacinação de milhões de pessoas em curto espaço de tempo, o que gerou grandes dificuldades. Se a gente faz a vacinação com maior preparo e antecedência, consequentemente, teremos melhoria na qualidade e maior preparo das equipes para as ações”, ressalta Victor.     

O representante da Coordenação-Geral de Vigilância das Arboviroses do MS, Alessandro Romano, fez um apanhado histórico da propagação da Febre Amarela no Brasil, destacando a situação epidemiológica atual e os métodos tecnológicos adotados para avaliação de riscos em relação à doença. “Hoje estamos apresentando uma cartela de recurso da área de inovação e tecnologias, na expectativa de incorporá-las na vigilância de zoonoses em Sergipe, ou seja, no monitoramento de doenças transmitidas por animais. Estamos usando uma plataforma e um aplicativo chamado Siss-Geo, um sistema disponível em dispositivos móveis que possibilita o registro dos animais silvestres e o acionamento dos serviços de saúde tanto pela  população, quanto no âmbito mais  especializado, é a ciência cidadã em prol da vigilância epidemiológica”, destaca.   

De acordo com Alessandro, o Siss-Geo oportuniza melhoria na qualidade da informação;  no gerenciamento da fauna de animais doentes ou não; pesquisar doenças que podem ser transmitidas para as pessoas; compreender parâmetros ecológicos e ambientais que estão relacionados com as doenças dos animais e que podem afetar as pessoas. “Todas essas possibilidades do sistema ajudam na melhoria do processo de vigilância, por isso, uma das propostas é ofertar a Sergipe, a possibilidade de incorporar o aplicativo e o uso da plataforma na rotina do estado”, explana. 

O representante do MS destacou também, o trabalho que tem sido feito para prever eventuais cenários de propagação da febre amarela. “O nosso trabalho envolve a modelagem de avaliação de risco para febre amarela, por isso, analisamos corredores ecológicos, áreas que tenham um arranjo ecológico favorável para incidência de febre amarela, baseado nas áreas que já ocorrem. Então, o uso do aplicativo acaba facilitando isso, ou seja, que consigamos a partir do acompanhamento dessas populações animais, projetar áreas que no futuro possam ser afetadas por febre amarela, desse modo, a gente ganha muito tempo para proteger a população e acompanhar a enfermidade à medida que ela for acontecendo”, salienta.

No caso de Sergipe, diante da ausência de casos de Febre Amarela, Alessandro enfatiza a relevância de sair à frente nas estratégias de prevenção. “Hoje é uma felicidade conseguir lidar com essa enfermidade na ausência da doença, esse é o melhor dos mundos para quem trabalha com vigilância em saúde, poder induzir e ajudar a construção de políticas públicas. Nós aprendemos muito com as transmissões de Febre Amarela no Brasil e hoje já conseguimos incorporar uma série de recursos e inovação que vão nos indicar áreas que podem vir a ser afetadas no futuro. O nordeste atualmente,  praticamente, não tem transmissão, o último caso foi há 2 ou 3 anos atrás na divisa da Bahia com Sergipe, mas não progrediu. A nossa preocupação é que, caso ela volte a aparecer, a região possui uma população pouco vacinada, por isso, queremos começar a imunização, expandindo-a antes que a doença se estabeleça”, enfatiza.   

O que é a febre amarela?

A Febre Amarela é uma grave doença que é transmitida do macaco para as pessoas e tem como vetor de transmissão algumas  espécies de mosquitos. Os macacos infectados passam o vírus para os insetos ao serem picados e esses mosquitos podem atacar um ser humano que está passando por alguma região de mata ou próxima a ela. O vírus da Febre Amarela atinge, principalmente, o fígado e causa febre, dor de cabeça, deixando a pele amarelada, entre outros sintomas. É uma doença que  pode comprometer o fígado e até matar. 

Segundo o Ministério da Saúde, a melhor maneira de se prevenir contra a febre amarela é a vacinação. O nível de eficácia do imunizante está entre 95% e 98% e uma dose é suficiente para a vida toda. O imunizante está disponível na rede pública de saúde e, em geral, é liberado dos 9 meses de idade até os 59 anos. 

Fotos: Valter Sobrinho

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