O governo do Estado, através do Banco de Olhos de Sergipe (Bose), unidade gerenciada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) que funciona anexo ao Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse), possibilita por meio de transplantes que pessoas com deficiências visuais, por problemas de córnea, recuperem a visão. Para isso, a corrida inicia pelo processo de busca, captação e avaliação de córnea.
Desde a sua fundação no ano de 2009, o Bose já realizou um total de 1.584 transplantes. É um trabalho multidisciplinar, que envolve os profissionais das unidades hospitalares onde são encontrados possíveis doadores.
O procedimento mais realizado pelo Bose é o transplante de córnea, que varia entre transplante óptico, quando devolve a visão ao transplantado, e o transplante tectônico, que é o transplante de córnea que serve de curativo para uma perfuração ou lesão.
A médica oftalmologista do Banco de Olhos de Sergipe, Ana Carla Bittencourt, explica que a doação de córneas é diferente da doação de órgãos. “Na doação de órgãos, o paciente deve ter morte encefálica, para que possam ser retirados os órgãos e na doação de córnea não, o coração já pode ter parado de bater e o óbito pode ter acontecido em até seis horas que ainda é viável a doação de córnea”, disse a médica.
O processo do transplante acontece por etapas. A primeira delas é a busca ativa que acontece nas unidades hospitalares. A enfermeira do Banco de Olhos, Andrea Lemos, explica que essa busca é feita no serviço social dos hospitais. “Um exemplo dessa busca, é a que realizamos no Huse, onde vamos no início e final de cada plantão aos serviços sociais dispostos na unidade, pois lá podemos encontrar os registros dos óbitos. Além dessa busca algumas vezes os serviços sociais também notificam os óbitos”, disse a enfermeira.
Para ser doador de córnea, o primeiro passo a ser realizado após o óbito é a avaliação do prontuário. A oftalmologista explica que o processo é feito por etapas. “Essa avaliação é feita para observar qual foi o diagnóstico do óbito. Se no prontuário indicar Sepse, que é conhecida popularmente como infecção generalizada, o procedimento já não é viável, mas se estiver tudo certo no prontuário, vai para a segunda etapa, a autorização da família, através de uma entrevista familiar. Com a doação autorizada, a próxima fase é a captação, onde é feita a retirada do globo ocular, após a retirada do globo é feita a preservação, que faz também a separação da córnea do globo ocular e ela é adicionada a um líquido de preservação, que posteriormente será analisada para certificar se aquele tecido pode servir para transplante”, disse a médica
As pessoas que têm o desejo de serem doadores não só de córneas, como também de órgãos, devem comunicar a família da sua decisão. Rosenilda Oliveira, que estava acompanhando um paciente no Hospital de Urgências de Sergipe, diz que quer ser doadora e já comunicou a sua família. “Serei doadora sim, se tivermos oportunidade de fazer alguém enxergar, estarei fazendo o bem”, disse Rosenilda.

Foto: Flavia Pacheco

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