A ação foi direcionada a profissionais de saúde, com foco nos serviços da Atenção Primária à Saúde (APS)

A gravidez na adolescência é um problema de saúde pública e precisa de ações intersetoriais. Essa constatação norteou a tele-educação desta quinta-feira, 1º de março, que envolveu a respectiva temática. A ação, realizada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), em parceria com a Fundação Estadual de Saúde (Funesa), por meio da Escola de Saúde Pública de Sergipe (ESP/SE), foi direcionada a profissionais de saúde, com foco nos serviços da Atenção Primária à Saúde (APS), e contou com centenas de inscrições de 44 municípios de seis estados brasileiros.

Na oportunidade, uma das webpalestras foi ministrada pela especialista em Saúde Coletiva pela Residência Multiprofissional Integrada e mestre em Saúde e Ambiente (Unit/SE), Manuela de Carvalho V. Martins, que fez um panorama epidemiológico, com dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), de 2000 a 2020, além de destacar sobre a ocorrência e prevalência desse fenômeno, acolhimento, Pré-Natal, complicações gestacionais e consequências sociais.

Manuela ressaltou sobre a gravidez na adolescência ser uma questão multifatorial e não pontual e que, às vezes, as pessoas responsabilizam somente os pais/responsáveis, visto que não é só um problema individual, mas da sociedade de uma forma geral: órgãos governamentais, a área da saúde, da educação e educação familiar. “Preciso trabalhar com questões do Direito, da Justiça, de órgãos da assistência social. Então realmente é necessário o apoio de todos. Se a gente não se apoiar, é difícil melhorar o panorama da gravidez na adolescência”.

Ainda de acordo com a especialista, os adolescentes não são o público de usuários das Unidades Básicas de Saúde, pois não há um interesse, desde que realmente estejam muito doentes. “É preciso chegar até esses adolescentes, realizando atividades extramuros. Para isso, é necessário integrar a saúde com as escolas. Daí a importância do Programa de Saúde na Escola, para realizarmos essa integração e alcançar resultados satisfatórios”, explicou Manuela.
 
Participante da ação, a enfermeira que atua com educação, Sílvia Roberta, destacou a importância de abordar a temática junto aos profissionais de saúde, com foco educativo, além de recursos e ferramentas para otimizar resultados. “A nossa sensibilidade, como profissionais da educação, é acolher e direcionar a não desistência. Mostrar-nos como um apoio para essa menina, adolescente, que talvez não tenha esse apoio em casa”, disse.

Abordagem educativa e redução de casos
 
A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência foi estabelecida por lei (2019), e acontece na primeira semana de fevereiro. Mas a Saúde entende que é um tema para ser trabalhado de forma contínua e intersetorial.

Para a referência técnica em Saúde da Criança e do Adolescente/SES e doutora em Ciências da Saúde (UFS), Fernanda Costa. M. Gallotti, apesar de não ser um tema novo, essa ação é de extrema necessidade. “Já é possível ver nas estatísticas uma redução de casos, um decréscimo de mães com idade de 10 a 19. A gente alerta que esse período da adolescência é um período que elas estão em autorreconhecimento, período de várias transições físicas, emocionais, sociais, inclusive porque assumem papéis de responsabilidade dentro da sociedade. Quando paramos pra pensar numa gravidez, que é algo tão importante pra mulher, ainda estão inseridas dentro desse contexto de mudanças”, pontuou.
 
Esse fenômeno gera impacto na saúde da mãe, que pode ter problemas relacionados a essas mudanças. Em relação a mulheres menores de quinze anos, em algumas das configurações é considerado risco obstétrico, devido à formação do corpo. “Além dos riscos para a mãe, pode haver riscos para a criança, a exemplo da prematuridade, e nascimento com baixo peso, que pode gerar outras complicações e processos, inclusive fatores e riscos sociais como a adolescente sair da escola. Por isso precisamos estar continuamente trabalhando em prol da qualidade de vida dessa criança, dessa adolescente”, destaca.
 
A ação também contou com palestra da advogada, professora, mestre em Direito, e membro da Comissão da Criança, Adolescente e Juventude da OAB/SE, Antonina Gallotti, que fez abordagem sobre as condições da gravidez na adolescência, como um fenômeno multifatorial, os principais impactos, as principais causas, aspectos jurídicos, legislação, e principais estratégias para evitar a gravidez precoce.

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