O ano era 1882. Foi a primeira vez que o mundo ouvia falar sobre o bacilo causador da tuberculose (TB), que, além de acometer ossos, rins e outros órgãos, afeta sobremaneira os pulmões. Em alusão aos 100 anos dessa descoberta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu o dia 24 de março como o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, uma data que serve de alerta sobre essa doença que anualmente mata cerca de 2 milhões de pessoas em todo o mundo e figura entre àquelas com maior índice de letalidade, segundo ranking OMS.

Na manhã desta terça-feira, 22, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), em cooperação com a Fundação Estadual de Saúde (Funesa), através da Coordenação de Educação Permanente em Saúde (COEPE), realizou webpalestra “Desafios e perspectivas para o fim da Tuberculose como problema de saúde pública em Sergipe”, destinada aos profissionais de saúde do Estado, tanto da Assistência Básica em Saúde como da Vigilância Epidemiológica, além de acadêmicos. Para a discussão foram trazidos temas como a importância do diagnóstico precoce da doença, a manutenção do tratamento por parte do paciente, a necessidade de intensificação das ações municipais que objetivam a obtenção de melhores resultados no controle da doença e a diminuição no número de óbitos.

Para o médico infectologista e atual diretor de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Marco Aurélio Goes, a Tuberculose acompanha a humanidade há muito tempo e é aquele tipo de doença que sempre causou muitas mortes, seja quando da chegada dos portugueses ao Brasil, que trouxeram a doença do continente, seja quando determinados nichos populacionais estão mais expostos à doença. “A tuberculose tem um grande componente nos determinantes sociais. Ela pode afetar todas as pessoas, mas percebemos que se concentra em algumas populações que têm maior risco de adoecimento, têm maior risco de morrer de tuberculose, como as populações mais pobres, as populações que têm dificuldade de acesso aos serviços de saúde, a população do sistema prisional, a população que vive com HIV/Aids, além da população que vive em situação de rua”, pontua.

Ainda segundo Marco Aurélio, a intensificação nos fluxos de migração e imigração aumentam o risco de tuberculose em diversos países e isso inclui o Brasil, que tem recebido, sobretudo nas últimas décadas, pessoas de áreas onde a Tuberculose tem presença marcante, transformando a doença em um problema importante da saúde pública. “O Brasil tem trabalhado na mesma perspectiva que a OMS: diminuir o número de casos de tuberculose e diminuir o número de óbitos até 2035. Isso seria um jeito de controlar a doença como um problema de saúde pública. A Tuberculose é uma doença curável, que tem tratamento e que, inclusive, o medicamento para o tratamento é distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para as pessoas que fazem acompanhamento tanto no serviço privado como no serviço público, através de um esquema que é tido como um dos melhores do mundo”, explica.

A Tuberculose é uma doença de notificação compulsória. Por isso, é preciso acompanhar os números dos casos para acompanhar a evolução. O tratamento dura seis meses e nesse período, sentindo melhoras consideráveis em seu estado de saúde, muitos pacientes acabam abandonando o tratamento antes de obter a cura de fato. Isso faz com que a tuberculose continue sendo transmitida no ambiente e, apesar de ser uma doença curável, se mantenha tão letal. Daí a importância do tratamento ser realizado de maneira integral.

Para Maria Ribeiro Mesquita, que é enfermeira especializada em saúde pública e responsável pelo Programa de Tuberculose aqui no Estado, o número de casos de Nos últimos dois anos diminuiu – período esse que coincide com a pandemia da Covid-19. Mas isso se deve a diversos fatores. O principal deles está ligado diretamente à pandemia, quando municípios e profissionais de saúde estavam mais focados na pandemia propriamente dita, pelo risco, pelo agravamento e pelo aumento descontrolado do número de casos. Por isso, houve uma diminuição na procura dos sintomáticos respiratórios por parte desses atores. Além disso, outro ponto que deve ser levado em consideração é que a própria comunidade não procurou atendimento, por medo de ir até as unidades de saúde. “Esse foi um movimento visto em várias partes do mundo. A população tinha medo de sair às ruas por conta da Covid-19, medo de pegar ônibus e se infectar. Apesar disso, aqui no Estado, os medicamentos para tratamento da Tuberculose durante esse período sempre estiveram disponíveis. O acesso ao diagnóstico não faltou. Tudo que se podia fazer de estrutura para que esses casos de Tuberculose fossem descobertos no período foi feito”, pondera.

Levando em consideração os pontos que foram abordados durante a webpalestra, Maria Ribeiro ressalta que o momento agora é o de reorganização, de intensificação das ações. “A gente, agora, tem que correr atrás, tem que buscar os sintomáticos respiratórios, tem que começar a tratar, fazer o devido seguimento de tratamento desse paciente para obtenção da cura; temos que realizar a quebra de transmissão da cadeia da doença na sua área, na sua comunidade, e trabalhar de maneira forte e sistemática para a diminuição dos casos de Tuberculose.

A ação de hoje estava prevista para o dia 24 de março, que é o dia mundial de combate à doença, mas foi antecipado para o dia de hoje para que a quinta-feira ficasse livre para que os municípios trabalhem sobre o tema junto às suas equipes e intensifique as ações que visamr melhores resultados no controle da Tuberculose em nosso Estado.

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