Aids na terceira idade: uma discussão necessária

1º de outubro é o Dia Internacional do Idoso. Uma data importante para tratar de diversos temas relacionados à terceira idade e a promoção de políticas públicas de saúde. Uma dela chama a atenção para os vários casos de pessoas vivendo com HIV/Aids na terceira idade.

De acordo com o gerente do programa IST/Aids da SES, o médico Almir Santana,  embora a maior concentração dos casos de Aids no Brasil tem sido observada nos indivíduos com idade entre 25 e 39 anos, em ambos os sexos, o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde registrou, no período de 2007 até o ano de 2020, 49.278 pessoas vivendo com HIV/Aids com idade acima de 60 anos. Em Sergipe, no período de 1987 até 2021, foram notificados 247 casos de pessoas vivendo com HIV/Aids, na faixa etária de 60 a 69 anos, sendo 151 homens e 96 mulheres. Na faixa etária de 70 a 79 anos, foram notificados 53 casos, sendo 36 homens e 17 mulheres. Já na faixa etária de 80 anos e mais, foram registrados 6 casos, todos do sexo masculino. “É importante lembrar que a maior oferta dos testes rápidos contribuiu para o aumento do diagnóstico do HIV e Aids na população idosa”, destacou Almir.

Esses dados revelam a importância de uma ampla discussão sobre a prevenção do HIV na terceira idade.  “Infelizmente, dentro de alguns consultórios e ambulatórios, nem sempre os profissionais de saúde abordam a questão da sexualidade. Alguns profissionais de saúde consideram os idosos, como se fossem assexuados e esquecem que, muitas vezes, esses idosos têm uma vida sexual ativa e possuem dúvidas sobre a prevenção ou sexo seguro”, alerta.

Fatores de risco

Existem vários fatores que contribuem para a maior detecção de pessoas vivendo com HIV/Aids na terceira idade. Um deles foi a grande mudança de comportamento sexual do idoso. Almir Santana destaca que está ocorrendo aumento de parcerias sexuais na terceira idade e, cada vez mais, este grupo torna-se vulnerável a contrair o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, pois é baixa a frequência do uso do preservativo nas relações sexuais nessa faixa etária. “Os idosos não têm essa cultura do uso de preservativos ou pensam que não vão ser infectados nesta idade. A mulher, após a menopausa, não vê potencial de engravidar, portanto, ela não usa o preservativo. Também a redescoberta da atividade sexual por meio do uso de medicações para disfunção erétil, no caso dos homens e reposição hormonal, no caso das mulheres, influenciou no aumento das relações sexuais. As separações de casamento também é um fator que vem contribuindo para o aumento da multiplicidade de parceiros e, também, a internet, através dos aplicativos de relacionamentos. Há mais diversidade com maior alcance. Não só para os idosos, mas para todos”, disse o médico.

Novas informações

Este ano, o primeiro caso detectado de HIV/Aids completa 40 anos no mundo e existem novas formas de prevenção que precisam ser divulgadas também entre os idosos: a Prevenção Combinada que inclui novas tecnologias para prevenção. Entre elas, destaca-se a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), que consiste na utilização de medicamento antirretroviral continuamente, por indivíduos que não estão infectados pelo HIV, mas que se encontram em situação de vulnerabilidade. Também a PEP (Profilaxia pós-exposição ao HIV), que é uma medida de urgência para ser utilizada em situação de risco de infecção pelo HIV, através do uso de medicamentos por 28 dias.

“Por isso, a informação e a quebra de tabu são importantes. É preciso falar abertamente sobre sexualidade e orientar as pessoas, independentemente da idade, sobre todas as formas de prevenção, não somente o uso do preservativo”, finalizou.

Foto: Flávia Pacheco

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