Mortalidade Materna: webpalestra discute a importância de uma assistência multissetorial

A redução da mortalidade materna e neonatal no Brasil ainda é um desafio para os serviços de saúde e a sociedade como um todo. Em alusão ao Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, em 28 de maio, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), em parceria com a Fundação Estadual de Saúde (Funesa), através do Telessaúde Sergipe, realizou, nesta quinta-feira, 26, a webpalestra “Mortalidade Materna: É preciso falar sobre o assunto”, com o objetivo de abordar a temática pela perspectiva dos riscos, a otimização do acesso das pacientes e crianças ao SUS e o acompanhamento constante, além do treinamento dos profissionais e trabalhadores da área.

A ação contou com a participação do ginecologista e obstetra, especialista em Medicina Fetal, referência técnica da obstetrícia da Maternidade N. Sra. de Lourdes e professor adjunto da UNIT, Dr. Mauro Bezerra; da médica sanitarista, mestre em Psicologia Social, professora da UFS e presidenta do Comitê Estadual de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal de Sergipe, Dra. Priscila Batista; e da assistente social, sanitarista, consultora da Política da Criança do Brasil e referência técnica estadual da Saúde da Criança e do Adolescente, Helga Muller. 

Na oportunidade, a palestrante Priscila Batista discorreu sobre conceito, histórico, causas, dados, alternativas para evitar mortes, etc. A médica explicou que, entre as principais causas de morte materna estão as doenças hipertensivas na gravidez, as infecções – principalmente corrimentos vaginais e cervicais, as infecções do trato urinário, as hemorragias no pós-parto e abortos inseguros. “Necessário realizar treinamento dos profissionais que estão assistindo aos partos em nosso estado, de maneira continuada. Além disso, temos a covid-19, como causa indireta, e doenças pré existentes: cardiopatias e doenças renais, que são as principais”. 

De acordo com a médica, a situação da mortalidade materna em Sergipe e no Brasil é preocupante, em especial nos últimos dois anos, com um aumento significativo, por causas evitáveis. “É importante que gestores e profissionais de saúde identifiquem os principais problemas e os enfrente. Acho que só a união da sociedade civil com profissionais de saúde, com gestores públicos, não só de saúde, mas também da educação e da inclusão, é possível mudar essa realidade. É necessário investir na enfermagem e obstétrica, na assistência ao parto; investir no rápido acesso das mulheres ao pré-natal, aos exames de pré-natal, para um diagnóstico precoce e tratamento”, afirmou. 

A webpalestra também focou em uma ótica distinta da que trata do introspecto de uma criança que é deixada por uma morte materna, mas no cuidado com a criança, segundo informou a referência técnica estadual da Saúde da Criança e do Adolescente da SES, a assistente social Helga Muller. “Fizemos uma discussão voltada a trabalhadores de saúde, que muitas vezes estão no território e conseguem ter um olhar mais próximo de questões como: monitorar a criança, ver se está na escola, como é o núcleo familiar, observar a capacidade psicológica e resiliência da criança para se restabelecer”.

Uma das pautas discutidas foi o custo desse trabalho, pois o estado de Sergipe compõe um lugar importante, através do Acolhe Nordeste e do Cartão Cmais (Mais Inclusão), que é uma perspectiva de atuação da Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social. “Nós, da Saúde, fazemos uma ponte com tudo isso, já que essa família, que recebe o recurso, estará em nosso território. Então debatemos essa perspectiva com os trabalhadores, de que temos uma ferramenta, que a gente pode cadastrar no CadÚnico (na Assistência Social), informar um caminho, viabilizar acesso, tirar essas pedras que ficam no meio do caminho, no dia a dia dos trabalhadores de saúde, para protegermos, de alguma uma forma, as famílias, os núcleos familiares que assumem essa criança órfã”, destacou Helga. 

Para a referência técnica, essa abordagem é muito importante porque, às vezes, a criança não tem um responsável que proporcione essa segurança. “A ideia foi mostrar a importância desses trabalhadores em assumirem o lugar de monitoramento dessa criança, dessas famílias. Monitorar, dar suporte, porque no futuro essa criança vai precisar bastante desse acolhimento, desses cuidados”, ressaltou. 

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